Guerra comercial oferece mais oportunidades do que riscos para o Brasil, diz especialista
Ian Craig, da EY Brasil, afirma que o país pode se posicionar como um parceiro estratégico dos EUA em meio às políticas tarifárias de Trump.

De acordo com Ian Craig, sócio-líder de Global Trade da EY Brasil, a política de comércio exterior do governo Donald Trump apresenta mais oportunidades do que riscos para o Brasil. Apesar do aumento das tarifas sobre produtos como aço e alumínio, que impactam a indústria brasileira, o país pode se beneficiar da situação, posicionando-se como um parceiro mais próximo dos Estados Unidos.
Craig destaca que o Brasil está bem posicionado para ser uma alternativa no fornecimento de insumos, caso as importações de países como China, México e Canadá se tornem inviáveis para empresas americanas devido às tarifas impostas. Ele mencionou ter conversas com clientes considerando a mudança de produção para o Brasil, seja temporária ou permanente.
O especialista aponta que o Brasil já se beneficiou de mudanças na cadeia global de suprimentos nos últimos anos, substituindo a China no fornecimento de alguns bens para os EUA, o que pode ocorrer novamente. Apesar de o Brasil ser afetado pelo aumento da taxação do aço e alumínio, o país não é visto como uma prioridade para tarifas adicionais por Trump, já que a diferença na balança comercial entre os dois países é relativamente pequena.
Craig enfatiza que o Brasil precisa mostrar sua capacidade de produção aos Estados Unidos e que o setor governamental deve implementar uma política de comércio exterior de engajamento com os EUA. Ele também ressalta a importância de o setor privado investir em inovação tecnológica para aumentar a capacidade de produção.
Embora Trump utilize tarifas de importação como forma de obter concessões, como no caso do Canadá e do México, Craig não vê espaço claro para suspensão dessas restrições em relação à China.