BRB encontra R$ 2 bilhões em ativos de risco no Banco Master e aumenta exigências para concluir aquisição
Descoberta eleva para R$ 25 bilhões o valor dos ativos que serão apartados da operação. Negócio ainda depende de diligência contábil, ajustes no patrimônio e possível envolvimento do FGC com consórcio de bancos.

O Banco de Brasília (BRB) identificou aproximadamente R$ 2 bilhões adicionais em ativos considerados de maior risco e baixa liquidez nos balanços do Banco Master, instituição controlada pelo empresário Daniel Vorcaro. Com o novo achado, o total de ativos que serão segregados da operação de compra pode atingir R$ 25 bilhões, segundo fontes próximas à negociação.
Esses ativos incluem precatórios, direitos creditórios de ações judiciais, ações de empresas e créditos da própria fatia do Master que ficará com Vorcaro. A exclusão dessa carteira de maior risco da aquisição está alinhada com as cláusulas condicionantes da transação, conforme comunicado ao mercado no final de março.
A operação, anunciada em 28 de março, prevê que o BRB comprará 58% do capital do Banco Master, enquanto os 42% restantes permanecerão com Vorcaro como garantia da transação. O preço será baseado em 75% do Patrimônio Líquido consolidado, com ajustes contábeis baseados na auditoria conduzida pela PwC (PricewaterhouseCoopers). Parte do valor ficará retida em uma conta escrow, como garantia para eventuais contingências.
A complexidade da transação levou à realização de uma reunião neste sábado (6) em São Paulo entre o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e os principais executivos de bancos privados — Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e BTG Pactual — além do presidente do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), Daniel Lima.
Embora ainda não haja uma proposta formal, há articulação para que um consórcio de bancos avalie a aquisição do espólio de ativos segregados, com suporte do FGC, que garantiria parte dos riscos. O FGC cobre investimentos de até R$ 250 mil em caso de falência de instituições financeiras e teria papel fundamental para garantir o fluxo de caixa desses ativos.
Segundo a auditoria do BRB, à qual a reportagem teve acesso, R$ 16 bilhões em precatórios foram localizados em FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios) — um tipo de aplicação que, embora de renda fixa, pode ter riscos elevados dependendo do devedor e da estrutura do fundo.
Além da diligência contábil, ajustes técnicos no patrimônio líquido do Banco Master também estão sendo considerados. O último balanço da instituição apontava um PL de R$ 4,7 bilhões, mas estimativas preliminares indicam que esse valor pode ser reduzido em cerca de R$ 2 bilhões, o que impactará diretamente no preço final da operação.
O BRB e o Banco Master foram procurados pela imprensa, mas optaram por não comentar o andamento das negociações.
Enquanto isso, o Banco Central acompanha de perto o caso, buscando uma solução estruturada e completa para o futuro do Banco Master, evitando riscos sistêmicos e garantindo estabilidade ao setor bancário.