Golpe de 1964: O Dia que Mudou a História do Brasil

Há exatos 61 anos, o Brasil vivia um dos momentos mais sombrios de sua história. No dia 31 de março de 1964, um golpe militar destituiu o presidente João Goulart e deu início a uma ditadura que se estenderia por mais de duas décadas. Alegando o risco de uma ameaça comunista, as Forças Armadas assumiram o controle do país com apoio de setores da elite, da imprensa e de lideranças políticas opositoras ao governo.

A tomada do poder ocorreu sem resistência e, inicialmente, foi apresentada à população como uma medida provisória para garantir a estabilidade política. No entanto, os militares permaneceram no governo por 21 anos, impondo uma série de medidas repressivas. A mais severa delas foi o Ato Institucional nº 5 (AI-5), decretado em 1968, que ampliou a censura, dissolveu o Congresso Nacional e institucionalizou perseguições, tortura e assassinatos de opositores do regime.

Segundo a Comissão Nacional da Verdade, instaurada décadas depois para investigar crimes da ditadura, o período resultou em 434 mortes e desaparecimentos políticos. No entanto, o número real de vítimas pode ser muito maior, considerando os milhares de casos de tortura e violência praticados contra cidadãos, ativistas, jornalistas e intelectuais.

O Brasil só voltou a respirar ares democráticos em 1985, com o fim do regime militar, e a Constituição de 1988 consolidou o Estado Democrático de Direito. Entretanto, o passado ainda ecoa no presente. O discurso de uma nova intervenção militar ressurgiu nos últimos anos, especialmente com os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando extremistas atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

A memória do golpe de 1964 permanece como um alerta. O Brasil já provou os efeitos da ausência de democracia e do autoritarismo. No presente, a luta para preservar as instituições e os direitos conquistados continua sendo um desafio permanente.