Atentado com morte de indigena no sul da Bahia foi tramado pelo whatsapp
Região de Potiraguá, Bahia – Uma ação organizada por aproximadamente 200 fazendeiros através do aplicativo de mensagens WhatsApp resultou na morte de Maria de Fátima Muniz de Andrade, indígena e irmã do Cacique Nailton Muniz Pataxó. O trágico incidente ocorreu durante uma manifestação na Fazenda Inhuma, área considerada de ocupação tradicional pelos Pataxó hã-hã-hãe, no sul da Bahia.
Além do óbito de Maria de Fátima, outros indígenas foram baleados durante a mobilização que teve início no último domingo (20). A convocação para a ação foi feita por meio de mensagens distribuídas pelo WhatsApp, em um grupo denominado “Invasão Zero”, com caráter de “urgência” para reintegrar a propriedade que havia sido ocupada pelos indígenas.
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) confirmou as informações nesta segunda-feira (22), revelando que o grupo de fazendeiros também marcou um ponto de encontro às margens do Rio Pardo, na entrada de Pau Brasil, próximo à região. A Polícia Militar deteve dois fazendeiros e um indígena nesse local.
O caso está sob investigação da delegacia de Itapetinga, com o acompanhamento da Diretoria Regional de Polícia do Interior (Dirpin/Sudoeste-Sul). O Ministério dos Direitos Indígenas (MDI), a Secretaria da Segurança Pública (SSP) e o Governo do estado mobilizaram-se para tratar do ocorrido.
Em resposta ao incidente, a Defensoria Pública da Bahia (DPE-BA), a Defensoria Pública da União e o Ministério Público Federal assinaram uma nota conjunta manifestando preocupação com a aparente inércia dos governos estadual e federal diante da violência contra os povos indígenas na Bahia. O caso continua a gerar comoção e levanta questionamentos sobre a segurança e preservação dos direitos das comunidades tradicionais.