Desigualdade persiste: Renda domiciliar per capita do trabalho bate recorde, mas beneficia mais os mais ricos nas metrópoles brasileiras
A renda domiciliar per capita do trabalho nas regiões metropolitanas do Brasil atingiu um patamar recorde de R$ 1.801 no quarto trimestre de 2023, refletindo um aumento de 4,6% em relação ao ano anterior, conforme aponta o 15º boletim Desigualdade nas Metrópoles. No entanto, o ganho desse rendimento não se distribuiu igualmente entre os estratos sociais, destacando uma disparidade preocupante.
O estudo, realizado pelo laboratório de pesquisas PUCRS Data Social em colaboração com o Observatório das Metrópoles e a RedODSAL, revela que enquanto a renda per capita do trabalho cresceu substancialmente, cerca de 7,6%, entre os 10% mais ricos, o mesmo não ocorreu entre os 40% mais pobres, cujo avanço foi de apenas 1,5% no mesmo período.
O coordenador do PUCRS Data Social, André Salata, enfatiza que essa disparidade pode ser atribuída ao desempenho mais fraco do rendimento em setores como construção e transportes, que geralmente empregam trabalhadores de baixa escolaridade e estão associados aos estratos inferiores da pirâmide social.
O estudo ressalta ainda que, apesar dos esforços governamentais como o Bolsa Família, a camada mais pobre da população parece ter sentido menos o impacto positivo do aumento salarial recente. Isso é evidenciado pelo leve aumento de apenas 1,5% na renda do trabalho dos 40% mais pobres, que ainda se encontra 4,7% abaixo do nível pré-pandemia.
Embora haja um aumento da renda em termos gerais, Marcelo Ribeiro, coordenador do boletim, destaca que a desigualdade persiste, com os grupos de maior renda tendo maior proteção no mercado de trabalho e capacidade de negociação. A comparação entre os resultados do quarto trimestre de 2022 e de igual período de 2023 revela uma diferença de renda significativa entre os estratos sociais, evidenciando a necessidade de políticas mais inclusivas e equitativas.