Era um sábado de Carnaval, em fevereiro deste ano, quando o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil) circulava descontraidamente pelo Palácio de Ondina, residência oficial dos governadores da Bahia. Em companhia do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), ele visitava o governador Jerônimo Rodrigues (PT), evidenciando uma postura amigável com a cúpula petista local. A visita de cortesia marcou o início de uma aproximação estratégica entre Elmar e o PT baiano, apesar das tensões internas com seu aliado ACM Neto, ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional da União Brasil.
Elmar, potencial candidato à presidência da Câmara dos Deputados em 2025, tem buscado consolidar o apoio de Arthur Lira e costurar uma ampla aliança. Esse movimento inclui evitar confrontos com o governo Lula (PT) e estreitar laços com o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), antigo adversário. Na Bahia, o deputado diminuiu o tom crítico e tem mostrado sinais de cooperação com o governador Jerônimo Rodrigues, atitude que irritou a liderança da União Brasil no estado.
Deputados estaduais aliados de Elmar também suavizaram a oposição ao governo, apoiando projetos na Assembleia Legislativa e participando de eventos com o governador. A postura colaborativa culminou em uma decisão da Executiva estadual da União Brasil de votar contra um empréstimo de US$ 400 milhões solicitado pelo governador, ameaçando cortar recursos do fundo eleitoral dos deputados dissidentes. Elmar classificou a medida como intimidação e defendeu o diálogo.
A divergência entre Elmar e ACM Neto, que se prepara para concorrer novamente ao governo baiano em 2026, parece longe de ser resolvida. Neto minimizou as tensões, afirmando que divergências são naturais e que apoiará Elmar na candidatura à presidência da Câmara. Entretanto, a cúpula petista criticou a postura de Neto, aumentando o clima de conflito.
Enquanto Elmar se aproxima do governo federal e almeja a reeleição de Lula, ACM Neto trabalha para fortalecer um projeto nacional à direita. A aliança de Elmar com o PT baiano, porém, é vista como improvável devido ao histórico de oposição ao PT na Bahia e à forte presença de líderes na base governista.
A disputa interna na União Brasil e os movimentos estratégicos de Elmar Nascimento prometem influenciar significativamente o cenário político nos próximos anos, tanto na Bahia quanto no plano nacional.
