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Brasil ainda distante da produção de combustível sustentável para aviação, revela voo cancelado

Voo simbólico com SAF é cancelado por falta de combustível no Brasil; especialistas alertam para a necessidade de investimentos e regulamentação para consolidar mercado de bioquerosene no país.

Nesta terça-feira (8), o Brasil vivenciou uma oportunidade frustrada de demonstrar seu potencial no uso de combustíveis sustentáveis na aviação. Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionava a Lei do Combustível do Futuro, o que seria um marco histórico para o setor, a Azul Linhas Aéreas cancelou o esperado voo movido a SAF (Combustível Sustentável de Aviação), devido à falta do produto. A aeronave, que partiria de Campinas com destino a Brasília utilizando o combustível renovável, foi impedida de decolar pela dificuldade em encontrar fornecedores capazes de suprir a demanda.

De acordo com a Ubrabio (União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene), organizadora do voo, o Brasil ainda não possui uma produção significativa de SAF. Mesmo sendo um país com vasto potencial para liderar o mercado de combustíveis renováveis, a ausência de infraestrutura e de incentivos financeiros coloca o país em uma posição de dependência de fornecedores estrangeiros, que não puderam atender ao pedido da Azul para o evento.

“Precisamos urgentemente investir no desenvolvimento de uma cadeia produtiva de SAF no Brasil. Sem uma base sólida, estaremos sempre dependentes de importações e perdendo uma grande oportunidade de ser líder nesse mercado”, alerta Donizete Tokarski, CEO da Ubrabio.

Atualmente, o país apenas tangencia o mercado global de SAF, que tem sua maior produção concentrada no hemisfério Norte, com destaque para empresas como Neste (Finlândia), TotalEnergies (França) e ENI (Itália). Essas indústrias operam em um ambiente regulado, com contratos de longo prazo, o que impede a flexibilidade necessária para atender à crescente demanda de empresas como a Azul.

Clauber Leite, especialista em bioeconomia do Instituto E+, enfatiza que o Brasil tem a janela de oportunidade ideal para se consolidar no setor. “Temos a matéria-prima e a expertise em bioenergia. O que falta são políticas públicas que incentivem investimentos na produção de SAF e a criação de padrões globais de certificação para garantir a sustentabilidade e competitividade do produto.”

A Lei do Combustível do Futuro, sancionada por Lula, é um passo importante para direcionar o país rumo à descarbonização da aviação. Contudo, sem um planejamento robusto de incentivo à produção nacional, o Brasil pode ficar para trás em um mercado global em rápida expansão.

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