Lira prioriza pauta econômica e deixa anistia do 8/1 para seu sucessor
A poucos dias do recesso parlamentar, presidente da Câmara foca em votações de temas econômicos e adia decisão sobre projeto polêmico.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), optou por focar na pauta econômica em sua última semana de mandato e deixou de lado a promessa de resolver a questão da anistia aos acusados pelos atos golpistas de 8 de janeiro. A decisão de Lira adia a definição do futuro do projeto de lei que concede anistia, transferindo a responsabilidade para seu sucessor, Hugo Motta (Republicanos-PB).
A última semana de Lira na presidência da Câmara será dedicada a temas como a regulamentação da reforma tributária, o pacote de corte de gastos do governo federal e a votação da LDO e do PLOA. Além disso, Lira pretende incluir na pauta matérias relacionadas ao turismo.
A decisão de Lira de criar uma comissão especial para analisar o projeto de anistia, anunciada em outubro, ainda não se concretizou. O presidente da Câmara não oficializou a criação da comissão, o que impede a indicação de representantes pelos partidos.
A indefinição em torno da anistia gerou incômodo tanto no PT, que se opõe ao projeto, quanto no PL, que o defende. Lira buscava evitar que a discussão sobre a anistia contaminasse as negociações em torno da sucessão na presidência da Câmara.
Aliados de Lira afirmam que o clima para discutir a anistia se deteriorou após as explosões em frente ao STF, em novembro. Deputados, incluindo defensores da proposta, reconhecem que o episódio prejudicou a tramitação do projeto.
Apesar de ter prometido uma solução para a questão ainda em seu mandato, Lira agora deixa a decisão para Hugo Motta. O líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), acredita que Lira continuará a “contribuir” para a votação do projeto, mesmo fora da presidência.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), defende o arquivamento do projeto e pretende articular com outros partidos para barrar a anistia.