ARGENTINA – Cristina Kirchner tenta transformar o próprio julgamento em trunfo na eleição
Na semana passada, ela lançou um livro. No sábado, 18, anunciou que concorreria à vice-presidência da Argentina e enfrentará, nesta terça-feira, 21, seu primeiro julgamento sob acusação de corrupção.
Para o bem ou para o mal, Cristina Fernández de Kirchner, presidente da Argentina entre 2007 e 2015, não deixa de ser protagonista.
A cena política foi abalada no fim de semana com o anúncio de sua candidatura à vice-presidência em uma chapa com seu ex-chefe de gabinete Alberto Fernández como candidato a presidente.
Apenas três dias depois, a hoje senadora volta ao centro das atenções com a primeira de uma longa série de processos judiciais que terá de enfrentar nos próximos meses sob acusações de corrupção e outros crimes.
O julgamento nesta terça-feira especificamente é para o chamado Caso das Obras Públicas, uma associação supostamente ilegal de ministros e funcionários do governo Kirchner que teria desviado fundos de infraestrutura pública para beneficiar empresários como Lázaro Báez, um velho amigo de Kirchner que obteve 51 licitações de obras rodoviárias – e, segundo os promotores, concluiu apenas duas.
Investigadores também apuram uma suposta rede de subornos em torno da alocação dessas estradas.
Embora o julgamento possa demorar até um ano e Kirchner só seja obrigada a comparecer a esta primeira audiência, espera-se que haja manifestações de rua em favor da ex-presidente. Ela terá de se sentar ao lado de antigos aliados, agora em prisão preventiva.
Kirchner, que se livrou de um pedido de prisão preventiva neste caso graças à imunidade parlamentar, nega as acusações e as atribui a uma suposta perseguição política encampada pelo governo de Mauricio Macri, que buscará a reeleição no pleito em outubro deste ano.
A ex-mandatária publicou uma série de tuítes na manhã de terça-feira alegando que o caso é formado de “denúncias requentadas” apresentadas há uma década pelos deputados macristas, e que foram rejeitadas por tribunais provinciais e federais “pela inexistência do crime”.
https://twitter.com/CFKArgentina/status/1130775284515577856
De todo modo, o julgamento terá uma enorme carga política, porque começa ao mesmo tempo que a campanha presidencial para as eleições, na qual a chapa de Kirchner tentará derrotar Macri. Informações da BBC News.