A arrogância que faz da Invictus Gaming a melhor equipe de League of Legends da atualidade
Ao longo de oito anos, os campeões mundiais de League of Legends sempre seguiram o mesmo “projeto”.
SK Telecom T1 e Samsung Galaxy, as duas organizações mais vencedoras – dividindo cinco Summoner’s Cups entre elas – ficaram conhecidas por seu controle de visão e grandes proezas na fase final das partidas. Se eles recebessem um metro de mapa do adversário, conquistavam um quilometro. A Samsung White, uma das equipes mais dominantes da história de LoL, era famosa por sua pressão de mapa, sufocando as equipes até que não restasse mais esperança. A SKT, ao longo de toda a sua história, tem sido a equipe com maior capacidade de reverter situações complicadas, transformando derrotas inevitáveis em viradas históricas.
Já a atual campeã mundial, a chinesa Invictus Gaming, não pode ser comparada à campeões do passado. Contra-ataque não é uma técnica que a iG tem à disposição. Ela é sempre a primeira a dar o soco, e depois que o primeiro golpe entra, outros três seguem na sequência. A Invictus joga como se estivesse em uma briga de rua, não em uma batalha de táticas, às vezes parecendo insensata em seus movimentos impetuosos, mas nunca se esquivando do confronto.
Seus jogadores são arrogantes. Desde a maneira como jogam, as roupas que usam e como se comportam em entrevistas, seus jogadores andam com uma arrogância que é toda deles, diferente de qualquer campeão mundial visto passado. Antigos campeões mundiais deram seu melhor para falar positivamente de todos os adversários, mesmo que nem todas as suas respostas fossem realmente sinceras. Isso não é a iG.
Quando perguntado na coletiva de imprensa do Mundial de League of Legends se algum jogador poderia igualar-se a ele como um rival, Kang “TheShy” Seung-lok respondeu com rapidez dizendo que não achava que houvesse alguém que estivesse a sua altura.
O dono da equipe, Wang Sicong, filho de um dos homens mais ricos do mundo, Wang Jianlin, é tudo isso e mais um pouco. Sicong poderia muito bem ser o Tony Stark da vida real, sem o traje do Homem de Ferro (ainda), exibindo seu dinheiro a quem quisesse ver. Em 2016, ele comprou para seu cachorro de estimação oito iPhones, só porque ele podia.
Nada mostrou mais a passagem da tocha entre o antigo e o novo do que a vitória da Invictus Gaming sobre a SKT no segundo dia da fase de grupos da Mid-Season Invitational 2019. Vimos a partida mais badalada do torneio – talvez uma final antecipada – se transformar em um lendário stomp.
Em apenas 16 minutos, a iG registrou a vitória mais rápida na história do torneio internacional, tratando o melhor jogador da história de League of Legends, Lee “Faker” Sang-hyeok, como se tivesse entrado em Summoner’s Rift pela primeira vez. A composição Sona e Taric da SKT não saiu da fase de rotas, e antes que a torcida pela SKT pudesse se recompor, os atuais campeões mundiais já estavam saindo do palco.
Isso é arrogância.
“Estou muito feliz”, disse Gao “Ning” Zhen-Ning, caçador da equipe e MVP da final do Mundial do ano passado. “Acho que acabamos de provar que somos o time mais forte do mundo agora”.
A SKT deveria ser a equipe que interromperia o caminho da iG em se tornar uma dinastia. Depois de conquistar o mundial, a iG aumentou seu sucesso internacional conquistando o primeiro título nacional na história do time, varrendo a JD Gaming para garantir troféus consecutivos. Um terceiro título, da MSI, seria um hat-trick e os colocaria em companhia exclusiva ao lado do gigante sul-coreano.
Os puristas podem dizer que a Invictus Gaming é um incômodo. O jogo de abertura do time com Phong Vu Buffalo, considerado o mais fraco dos times na fase de grupos do MSI, tornou-se um festival de erros, com a Invictus escapando com uma vitória graças a más decisões tomadas por parte do adversário. Ning, o mais volátil dos titulares, tem ocasiões nos quais parece estar simplesmente batendo seu rosto no teclado, se atirando em todas as direções aleatoriamente e procurando alguém para abater no mapa.
A Invictus não se importa. A emoção de colocar o projeto de dominação em prática e definir sua dinastia é o que os motiva a continuar em frente. Para eles, imprimir uma velocidade supersônica não se compara a qualquer outra sensação.
“Acho que todos nós cinco realmente gostamos do estilo superagressivo e extremo”, disse Ning. “E a sensação que tudo isso proporciona rende é como se eu fosse melhor do que você e que vou persegui-lo por todo o mapa”.
Na final do Mundial de 2018, Ning foi visto levantando a Summoner’s Cup usando sapatos “Red October”, que podem ser comprados online por um valor entre US$ 6.000 e US$ 8.000. Quando perguntado quanto gastou em roupas nos últimos anos de Invictus Gaming, ele disse algo entre 2 milhões de yuans (US$ 293 mil) e 3 milhões de yuans (US$ 440 mil). Durante o evento All-Stars em Las Vegas, seu companheiro de equipe, Song “Rookie” Eui-jin, foi vestido com peças da Balenciaga, incluindo uma bolsa por cerca de US$ 1.000.
Dentro e fora do jogo, os novos reis de League of Legends estão em alta, e com a G2 Esports e até a SKT aparentemente fora do pãreo, quem pode pará-los?
Ning só encontrou um rival para o crescente e impiedoso império da Invictus Gaming.
“Ninguém pode nos derrotar”, disse Ning. “Os únicos que podem fazer isso são nós mesmos”.