OI RIO PRO 2019 – Gabriel e Felipe são o Brasil nas semi-finais
A multidão que lotou a Praia de Itaúna pela manhã, foi toda para a Barrinha para assistir e torcer para os seus ídolos nas oitavas de final do Oi Rio Pro 2019 na “Cidade do Surf” da Região dos Lagos do Rio de Janeiro. O mar estava pesado, com ondas de 6-8 pés boas para tubos e aéreos e eles deram um show a cada bateria. Desde a primeira, com o defensor do título da etapa brasileira do World Surf League Championship Tour, Filipe Toledo, tirando Kelly Slater do caminho pelo tricampeonato no Oi Rio Pro com um novo recorde de pontos em Saquarema. E para fechar o sábado com chave de ouro, o bicampeão mundial Gabriel Medina deu o último show para a torcida, também se classificando para as quartas de final. No domingo, a primeira chamada do dia foi antecipada para as 6h30 na Barrinha de novo.
A bateria que abriu as oitavas de final foi emocionante, desde a entrada dos surfistas no mar, com a torcida que logo lotou as areias e pedras da Barrinha, vibrando a cada onda surfada pelos melhores surfistas do mundo. O confronto de Filipe Toledo com Kelly Slater começou as 13h35 na Barrinha bombando séries de 6-8 pés, mas os dois demoraram um pouco para surfar suas primeiras ondas. A do Filipe foi melhor, mandando uma rasgada muito forte e já voando num aéreo full rotation perfeito, para largar na frente com nota 9,17.
Slater, claramente, ficou à procura dos tubos, como os que tinha surfado pela manhã. Tentou uma, duas, três vezes, até achar um tubaço incrível, se entocar lá dentro com as placas caindo à sua frente e conseguindo sair para delírio da torcida, que também vibrou bastante. Os juízes deram a maior nota – 9,50 – do Oi Rio Pro 2019 para Kelly, mas Filipe seguia em primeiro. Quando Slater surfou outro tubo para pegar a liderança, Filipe deu o troco também num tubaço que valeu 8,67 para vencer com um novo recorde de 17,84 pontos a 14,83.
“A bateria foi muito boa, mas estava difícil ouvir as notas lá fora”, disse Filipe Toledo. “Tinha muito vento e a galera gritando o tempo todo, então não dava pra entender as notas que eu tinha e quanto o Kelly (Slater) precisava. Eu comecei bem, com uma nota bem alta (9,17) e no final da bateria entrou aquela série incrível que consegui fazer um tubo que acabou confirmando a vitória. Eu quase caí no drop, mas Deus deu esse presente pra mim e espero que continue assim amanhã (domingo)”.
DERROTAS BRASILEIRAS – Depois da vitória espetacular de Filipe Toledo, dois brasileiros acabaram sendo eliminados na Barrinha. O primeiro foi o cearense Michael Rodrigues, que não conseguiu um bom posicionamento no mar e deixou o português Frederico Morais pegar as melhores ondas para vencer por 12,83 a 7,43 pontos. Já o paulista Jessé Mendes ficou muito perto da vitória sobre o australiano Julian Wilson no confronto seguinte.
Ele começou bem a bateria, com nota 7,00 na segunda onda. Mas, o vice-campeão mundial conseguiu um 8,33 para deixar o paulista precisando de 7,01 pontos para vencer. O australiano pegou uma onda quando restavam 3 minutos e arriscou o aéreo, mas caiu. Jessé entrou na de trás, mandou um batidão vertical no crítico da onda, mais um muito forte e outro que levantou a torcida na areia. No entanto, a nota saiu 6,60 e Jessé perdeu por 14,00 a 13,60 pontos, ficando em nono lugar no Oi Rio Pro, como Michael Rodrigues.
LIDERANÇA CONFIRMADA – Na bateria seguinte, o havaiano John John Florence surfou um tubão nota 7,83 para derrotar o vice-campeão do Oi Rio Pro no ano passado nos mesmos tubos da Barrinha. O australiano Wade Carmichael só surfou uma onda boa, mesmo ficando sozinho no mar porque o havaiano torceu o joelho num layback que tentou depois e abandonou a bateria. Só que não deu nada certo para o australiano, que acabou quebrando sua prancha, teve que sair para pegar outra, voltou, mas não surfou mais nada.
Com isso, John John passou para as quartas de final por 12,66 a 10,33 pontos e é dúvida se terá condições físicas para prosseguir na competição. Mesmo assim, o havaiano já garantiu a liderança isolada no ranking com essa classificação, para continuar usando a lycra amarela do Jeep Leaderboard na próxima etapa, o Corona J-Bay Open, de 09 a 22 de julho na África do Sul.
O único que ainda o ameaçava no sábado era o vice-líder, Kolohe Andino, mas sua única chance era vencer o Oi Rio Pro e John John não passar mais nenhuma bateria em Saquarema, o que acabou acontecendo. Kolohe entrou para disputar a penúltima vaga para as quartas de final com o brasileiro Deivid Silva, que não foi bem nas primeiras ondas que escolheu. Quando o paulista tentou entrar no jogo com nota 5,00, o californiano respondeu com 8,07 em sua melhor onda para avançar para as quartas de final por 14,07 a 11,53 pontos.
MEDINA FECHA O DIA – E para fechar o sábado com chave de ouro, o bicampeão mundial Gabriel Medina deu o último show do dia para a imensa torcida que lotou a Barrinha. Começou com duas pancadas muito fortes de backside com velocidade, que valeram 6,07 para assumir a dianteira da bateria com Michel Bourez. Depois, voou num aéreo muito alto, mas sem completar a manobra. O taitiano pega um tubo rápido que só rende 4,20 e segue precisando de 5,18 para superar a pontuação do bicampeão mundial.
Medina então repete a dose de duas manobras fortes de backside nas direitas da Barrinha e aumenta um pouco a vantagem para 5,24, trocando uma nota 4,17 por 4,23. Ele depois bota pra dentro de um tubão, mas não sai. A torcida vibrou mesmo assim e mais ainda quando ele dropou outra onda enorme e atacou o lip duas vezes com muita coragem e segurança, para ganhar 7,93 dos juízes. Com essa nota, confirmou a segunda vitória brasileira do dia, por 14,43 a 9,27 pontos.
“Estou bem feliz por ter passado a bateria, porque o mar estava bem difícil, muito balançado, então agora é esperar como vai estar amanhã (domingo)”, disse Gabriel Medina. “Espero que as ondas melhorem para eu poder surfar mais, mas achei uma pena o campeonato ter mudado pra Barrinha. A gente quase não surfa esquerdas no Tour e agora que chegamos em Itaúna, fomos colocados nas direitas de novo. Assim fica difícil ser goofy (posicionamento de quem surfa com o pé direito à frente da prancha) no circuito mundial. Para um goofy (footer) ganhar um título mundial, vai precisar surfar muito bem de backside (de costas para a onda)”.
Medina precisa de bons resultados para entrar na briga pelo terceiro título mundial e vai enfrentar o vice-líder do ranking, Kolohe Andino, na disputa pela última vaga para as semifinais em Saquarema. Com a classificação para as quartas de final do Oi Rio Pro, ele já ganhou quatro posições no ranking, saindo do 12.o para o oitavo lugar, longe ainda dos líderes. Se vencer a etapa brasileira, iguala os 22.150 pontos do potiguar Italo Ferreira, que chegou no Brasil em terceiro lugar e já aparecia em quinto com os resultados do sábado em Saquarema.
QUARTAS DE FINAL DO OI RIO PRO 2019:
CATEGORIA MASCULINA – 5.o lugar com 4.745 pontos e US$ 18.000:
1.a: Filipe Toledo (BRA) x Kanoa Igarashi (JPN)
2.a: Julian Wilson (AUS) x Frederico Morais (PRT)
3.a: John John Florence (HAV) x Jordy Smith (AFR)
4.a: Kolohe Andino (EUA) x Gabriel Medina (BRA)
CATEGORIA FEMININA – 5.o lugar com 4.745 pontos e US$ 18.000:
1.a: Sally Fitzgibbons (AUS) x Lakey Peterson (EUA)
2.a: Silvana Lima (BRA) x Keely Andrew (AUS)
3.a: Carissa Moore (HAV) x Tatiana Weston-Webb (BRA)
4.a: Stephanie Gilmore (AUS) x Courtney Conlogue (EUA)
RESULTADOS DO SÁBADO EM SAQUAREMA:
OITAVAS DE FINAL NA BARRINHA – 9.o lugar com 3.320 pontos e US$ 14.100:
1.a: Filipe Toledo (BRA) 17.84 x 14.83 Kelly Slater (EUA)
2.a: Kanoa Igarashi (JPN) 13.17 x 10.83 Joan Duru (FRA)
3.a: Frederico Morais (PRT) 12.83 x 7.43 Michael Rodrigues (BRA)
4.a: Julian Wilson (AUS) 14.00 x 13.60 Jessé Mendes (BRA)
5.a: John John Florence (HAV) 12.66 x 10.33 Wade Carmichael (AUS)
6.a: Jordy Smith (AFR) 15.63 x 9.67 Griffin Colapinto (EUA)
7.a: Kolohe Andino (EUA) 14.07 x 11.53 Deivid Silva (BRA)
8.a: Gabriel Medina (BRA) 14.43 x 9.27 Michel Bourez (TAH)
OITAVAS DE FINAL EM ITAÚNA – 9.o lugar com 2.610 pontos e US$ 14.100:
1.a: Lakey Peterson (EUA) 12.66 x 6.60 Macy Callaghan (AUS)
2.a: Sally Fitzgibbons (AUS) 13.84 x 10.94 Johanne Defay (FRA)
3.a: Keely Andrew (AUS) 8.63 x 8.50 Caroline Marks (EUA)
4.a: Silvana Lima (BRA) 11.27 x 7.17 Malia Manuel (HAV)
5.a: Carissa Moore (HAV) 11.00 x 7.40 Tainá Hinckel (BRA)
6.a: Tatiana Weston-Webb (BRA) 13.83 x 11.57 Coco Ho (HAV)
7.a: Stephanie Gilmore (AUS) 9.50 x 5.67 Paige Hareb (NZL)
8.a: Courtney Conlogue (EUA) 12.10 x 6.43 Bronte Macaulay (AUS)
Informações de WSL SOUTH AMERICA, João Carvalho.