Apoaidores de Bolsonaro desfilam com carros de Luxo e pedem fim do isolamento social
Carreatas organizadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que pedem o fim da quarentena estão sendo organizadas em uma série de cidades pelo país, como São Paulo, Presidente Prudente (SP), Blumenau (SC), Boa Vista (RR), Curitiba e Belo Horizonte, entre outras. Com bandeiras do Brasil, os manifestantes pedem a volta imediata do funcionamento dos chamados serviços não essenciais, o que inclui o comércio, após decretos de governadores que interromperam as atividades econômicas para tentar reduzir a transmissão do coronavírus pelo país. As redes sociais também estão sendo usadas para convocar novas manifestações nos próximos dias.
O movimento é consequência da defesa por Bolsonaro de que as quarentenas – prática adotada nas principais cidades do mundo e apoiadas por médicos, cientistas e entidades como a Organização Mundial da Saúde (OMS) – sejam suspensas ou flexibilizadas para que a atividade econômica não seja prejudicada. “Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa’, defendeu em rede nacional de TV na terça-feira 24. O pronunciamento foi alvo de um intenso panelaço, recebeu duras críticas de especialistas e acirrou a disputa política que vem travando com os governadores estaduais, que adotaram o isolamento em massa.
Com bandeiras do Brasil, os manifestantes que pedem o fim da quarententa e minimizam os riscos do coronavírus, no entanto, estão fazendo isso dentro dos carros – na maioria das vezes, em veículos caros, como SUVs -, sem andar nas ruas ou ter contato cou proximidade com outros participantes do protesto. A contradição entre minimizar a doença, mas se proteger dentro dos carros, tem sido criticada por usuários das redes sociais.
Desde o aumento exponencial dos casos confirmados de coronavírus no país, que coincidiu com a constatação da transmissão comunitária, quando deixar de ser possível rastrear as contaminações, acirrou o embate político entre Bolsonaro e governadores. Enquanto o presidente passou a defender a quarentena apenas de idosos e pessoas em situação de risco, e tratar o coronavírus como apenas uma “gripezinha”, Doria, Witzel e outros líderes nos estados continuaram a pedir para a população ficar em casa. Em reunião virtual entre Bolsonaro e governadores da região Sudeste, Doria e Bolsonaro chegaram a bater boca. Os dois políticos se preparam para disputar as eleições presidenciais de 2022.
Alguns governantes têm começado a recuar. Em Santa Catarina, o governador Carlos Moisés (PSL) anunciou plano para flexibilizar gradualmente a quarentena a partir da semana que vem. Bancos e lotéricas reabririam já na segunda-feira 30, enquanto shoppings, bares, restaurantes e até academias voltariam a funcionar na quarta-feira 1°. A decisão também gerou polêmica e levou a hashtag #SCNaoQuerMorrer aos trendigs topics do Twitter nesta sexta-feira. Apoiador de Bolsonaro, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), aprovou decreto que permite a abertura parcial do comércio na cidade a partir desta sexta-feira, 27.